A beleza da ilha que compõe a Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo, situada na Região Autónoma da Madeira, combina uma paisagem de praias e sistema dunar, alberga uma diversidade de ecossistemas e espécies, muitas delas endémicas, destacando-se ainda um importante património geológico.

Os Muros de Croché são construções atualmente raríssimas no território e testemunham a intervenção humana na paisagem natural, coadunando-a às necessidades da prática agrícola. Tinham, no fundo, como principal objetivo proteger as culturas agrícolas da intensidade do vento, principalmente durante o Inverno, como também visavam impedir o acesso dos animais a essas culturas. Além disso, estas construções contribuem para o crescimento e a qualidade das culturas agrícolas, nomeadamente a cultura da vinha: no lado coberto pelo sol, a uva amadurece de forma natural, não sendo por isso necessário o recurso a produtos fitofarmacêuticos. As funções dos Muros de Croché não se cingiam apenas à agricultura. Estas construções serviam igualmente de abrigo por criarem sombra, protegendo os trabalhadores nas horas de mais calor.

A intensa atividade de corso e pirataria constitui uma das marcas da “história de sobrevivência” da Ilha do Porto Santo, vítima de vários ataques e saques perpetrados por corsários e piratas, que germinavam violência e suscitavam medo e insegurança na comunidade local. Neste sentido, foi necessário dotar este território de estruturas militares defensivas para a sua proteção. O Forte do Pico do Castelo, construído no século XVI, foi concebido com o objetivo de servir de local de refúgio para a comunidade porto-santense. A sua construção obedeceu a uma plano logístico intencionalmente estratégico: o Forte localizava-se num lugar de difícil acesso por ser demasiado íngreme, dificultando assim a entrada dos invasores. Restam poucos vestígios desta construção, sendo atualmente um miradouro, por isso um dos pontos turísticos da Ilha do Porto Santo.

A Igreja de Nossa Senhoria da Piedade constitui um dos monumentos históricos mais importantes da Ilha do Porto Santo, sendo detentora de um rico espólio de escultura, pintura e ourivesaria. A sua construção, com marcas maneiristas, remonta aos finais do século XV, por iniciativa do Infante D. Henrique, a quem foram doados os territórios insulares em 1443. Esta Igreja foi alvo de vários saques conduzidos por piratas e corsários, nomeadamente em 1556 e 1617. Após a ocorrência de um incêndio em 1667, esta Igreja foi reconstruída, conjugando-se na sua estrutura componentes da arquitetura barroca e rocaille.

Fundada em 1963 pelo Padre José Martins Júnior, proveniente de Machico, Ilha da Madeira, a Associação Grupo de Folclore do Porto Santo tem sido responsável pela dinamização de diversas atividades direcionadas para a preservação do património cultural porto-santense, para além das suas danças e cantares. A título de exemplo, esta Associação fez o levantamento e a recolha de tradições e costumes associados ao período natalício, como também é a entidade organizadora dos Encontros de Folclore, que se realizam desde 2002, em colaboração com a Junta de Freguesia do Porto Santo, sendo outra estratégia de divulgação e promoção das tradições e costumes porto-santenses.

As Casas de Salão são construções arquitetónicas características da Ilha do Porto Santo, cuja particularidade reside no recurso à bentonite, designada por salão, uma argila arenosa com grande aderência e extraída localmente, para a cobertura das habitações. Este material conferia às habitações proteção térmica, quer no Verão, quer no Inverno. Para além de as proteger face aos ventos fortes, no Verão, o salão secava e a abertura das fendas permitia a ventilação das casas, tornando o ambiente mais fresco no seu interior, enquanto, no Inverno, o material adensava-se, impermeabilizando as habitações durante o período das chuvas. Além disso, as Casas de Salão são dotadas com três dimensões (sala, quarto de dormir e cozinha).

A rolinha-da-praia (Charadrius alexandrinus) é uma espécie de ave marinha que nidifica exclusivamente na Ilha do Porto Santo. Está classificada como “Criticamente em Perigo” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, mas também como “Pouco Preocupante” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

A lagartixa Teira dugesii jogeri constitui a única espécie de réptil endémica da Ilha do Porto Santo.

A tartaruga-comum (Caretta caretta) é uma das espécies de fauna marinha que ocorrem na Ilha do Porto Santo. Está classificada como “Vulnerável” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e como “Em Perigo” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

Os líquenes são abundantes, por isso destacam-se na paisagem da Ilha do Porto-Santo, sendo que a espécie Anzia centrifuga é a única endémica deste território e está classificada como “Vulnerável” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

O Museu foi criado em 1989, tendo sido reestruturado em termos expositivos e especiais em 2004 e, depois, em 2023. A escolha da Casa de Cristóvão Colombo, classificada como Imóvel de Interesse Municipal, para sediar este Museu não é de todo inocente. Diz-se que o navegador Cristóvão Colombo viveu na Ilha do Porto Santo, após ter contraído matrimónio com a filha de Bartolomeu Perestrelo, o primeiro a exercer o cargo de capitão donatário do Porto Santo. Durante a sua estadia neste território, entre 1580 e 1582, Cristóvão Colombo terá planeado, nas instalações que deram origem ao Museu, a sua viagem em direção à Índia, mas acabou por alcançar o continente americano. Deste modo, esta estrutura museológica centra-se no processo da expansão marítima portuguesa, mas enquadrando a importância da Ilha do Porto Santo durante esse mesmo processo.

Inaugurado em 2006, o Museu Etnográfico Cardina consiste num projeto desenvolvido pelo colecionador José Cardina, amante da história e do património cultural porto-santenses. Neste Museu, é possível encontrar variada documentação que atesta a dita “história de sobrevivência” da comunidade porto-santense, desde o pós-período da expansão marítima portuguesa à atualidade.

A Casa da Serra, uma recriação da Casa de Salão, constitui outro projeto privado de salvaguarda do património cultural porto-santense: pertence aos antepassados familiares de Lomelino Velosa, o atual proprietário, tendo sido progressivamente recuperada pelo mesmo. É, no fundo, um local turístico de divulgação e preservação da identidade porto-santense, reunindo um conjunto de objetos que retrata a história e o quotidiano da comunidade.

O Festival de Colombo constitui um importante evento de animação turística que decorre na Ilha do Porto Santo. Pretende-se com este Festival retratar, através de um conjunto diversificado de atividades (mercado de artesanato local, exposições temáticas, recriação histórica do desembarque do navegador, convocando a participação da população local, entre outros), o período durante o qual o navegador Cristóvão Colombo residiu na Ilha do Porto Santo, evocando a memória do processo da expansão marítima portuguesa.

O Bolo do Caco constitui um elemento gastronómico característico da Ilha do Porto Santo. A precoce desflorestação do território e, consequentemente, a falta de madeira geraram a necessidade de se criar um pão alternativo. Este pão era cozido em cima de um caco (uma pedra) e era feito com trigo, um tipo de cereal raro na Ilha do Porto Santo devido aos longos períodos de seca, por isso era principalmente digerido nos dias santos, durante os convívios familiares após a missa. O Bolo do Caco do Porto Santo é diferente do Bolo do Caco da Ilha da Madeira, uma vez que é um pão mais alto, maior e não é confecionado com batata-doce.

As Festas de São João são a festa por excelência da Ilha do Porto Santo. Em honra do santo patrono do Porto Santo, esta festa é organizada pela autarquia local. Decorrem nestas festas marchas populares que visam retratar a história do Porto Santo, sendo organizadas consoante temáticas, sempre associadas às características do território e ao quotidiano da comunidade porto-santense.

O Festival da Gastronomia realiza-se desde 2015 e procura promover os produtos tradicionais, locais e até mesmo regionais