Porto Santo,
a ilha dourada do Atlântico

A Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo, criada em 2020, é a segunda Reserva da Biosfera da UNESCO no Arquipélago da Madeira, localizando-se a nordeste da Ilha da Madeira. Por estar ligada à Região Biogeográfica da Macaronésia, a Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo caracteriza-se pelos valores paisagísticos, refletidos na imensidão da praia e no sistema dunar, e pelo mosaico de ecossistemas e espécies ao nível faunístico e florístico, com elevadas taxas de endemismos. Os Ilhéus de Baixo e de Cima, alguns dos seis ilhéus adjacentes da Ilha do Porto Santo, estão classificados como Monumento Natural e, por essa razão, integram a zona núcleo desta Reserva da Biosfera.

Uma parte significativa do património natural da Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo encontra-se protegida por um conjunto de diretrizes internacionais de conservação da biodiversidade, o que revela a importância deste território neste âmbito. No total, 136 táxones estão protegidos pela Convenção de Berna (Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa); 25 táxones pela Convenção de Bona (Convenção sobre a Conservação de Espécies Migradoras da Fauna Selvagem); 31 táxones pela Convenção de Washington (Comércio e Detenção de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção); 42 táxones pela Diretiva Aves e 44 táxones pela Diretiva Habitats.

Ao nível florístico, os líquenes destacam-se na paisagem desta Reserva da Biosfera, sendo que a espécie Anzia centrifuga é a única endémica deste território e está classificada como “Vulnerável” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). É possível também observar, ao nível da flora marinha, algas verdes (Enteromorpha) e algas castanhas (Padina pavonica e Cystoseira sp.). Em termos faunísticos, a Ilha do Porto Santo constitui um local de nidificação de aves marinhas, protegidas pelo Anexo I da Diretiva Aves. A título de exemplo, a rolinha-da-praia (Charadrius alexandrinus), classificada como “Criticamente em Perigo” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, é uma espécie de ave marinha que nidifica exclusivamente na Ilha do Porto Santo. A Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo é detentora de uma grande diversidade de moluscos terrestres, com elevadas taxas de endemismos, sendo que 29 espécies estão classificadas como “Ameaçadas” pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Por último, no âmbito da fauna marinha, salientam-se peixes com elevado interesse comercial, tais como o peixe-cão (Bodianus scrofa), classificado como espécie ameaçadas pelo Lista Vermelha da UICN, e o goraz (Pagellus bogaraveo), ambas espécies endémicas da Macaronésia. É de referir ainda a tartaruga-comum (Caretta caretta), uma das espécies de fauna marinha que ocorrem na Ilha do Porto Santo e que se encontra classificada como “Vulnerável” pela Lista Vermelha da UICN e como “Em Perigo” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

A Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo revela um património histórico-cultural muito rico e profundamente marcado pela “história de sobrevivência” das suas gentes, isto é, a história de uma comunidade resiliente que, através de uma dinâmica de adaptação e pragmatismo, combateu todas as adversidades impostas pela dupla insularidade e pelo isolamento do território. Uma das marcas identitárias do Porto Santo incide nos ataques perpetrados por piratas e corsários, sendo possível destacar ataques de maior intensidade em 1600, 1615 e 1617, germinando o medo e a insegurança na comunidade local. Neste sentido, a “história de sobrevivência” da Ilha do Porto Santo reflete-se também no seu património edificado. Merece particular destaque o Forte do Pico do Castelo, construído no século XVI, foi concebido com o objetivo de servir de local de refúgio para a comunidade porto-santense durante esses taques. A sua construção obedeceu a uma plano logístico intencionalmente estratégico: o Forte localizava-se num lugar de difícil acesso por ser demasiado íngreme, dificultando assim a entrada dos invasores. Na paisagem da Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo, abundam os fontanários, muito importantes para o abastecimento da comunidade local devido à escassez de água. As Casas de Salão são também elementos representativos do património edificado do Porto Santo. A sua particularidade reside no recurso à bentonite, designada por salão, uma argila arenosa com grande aderência e extraída localmente, para a cobertura das habitações. Este material conferia às habitações proteção térmica, quer no Verão, quer no Inverno. Os Muros de Croché são construções atualmente raríssimas no território e testemunham a intervenção humana na paisagem natural, com objetivo de proteger as culturas agrícolas principalmente da intensidade dos ventos.

A Reserva da Biosfera da Ilha do Porto Santo distingue-se pelo seu vasto património imaterial, desde as lendas (como a Lenda dos Profetas) à utilização de plantas na gastronomia e para fins medicinais. Ao nível dos eventos festivos, cumpre destacar as Festas de São João, a festa por excelência da Ilha do Porto Santo. Nesta festa são organizadas marchas populares consoante um leque de temáticas, sempre associadas às características do território e ao quotidiano da comunidade porto-santense. O Festival de Colombo constitui também um importante evento de animação turística que decorre na Ilha do Porto Santo. Procura essencialmente invocar a memória do processo da expansão marítima portuguesa, através da figura do navegador Cristóvão Colombo, que, segundo a tradição oral, durante a sua estadia neste território, preparou a viagem que alcançaria o continente americano em vez da Índia.

Gostaria de conhecer mais sobre as tradições e costumes da Reserva do Porto Santo? O Porto Santo detém não só um riquíssimo património histórico-cultural, como um diversificado património natural. Fique a conhecê-los aqui:

Visitar o Porto Santo é descobrir uma ilha dourada, famosa pela sua praia de areia de nove quilómetros. Deixe-se mergulhar em águas atlânticas, sempre cálidas e cristalinas.